dimanche 9 mai 2021

Prisão Preventiva

Aqui, no meu quarto tão meu,

Os meus gestos rotineiros são saúde,

Os meus ruídos, ontem inaudíveis, são valsas,

os meus livros são flores, são amigos, são diálogos.

Lá fora, o vazio abafa este meu viver!

No silêncio do meu quarto tão meu

As paredes encolhem-se de dor,

As paredes são solidárias no amor

Não me baleiam com notícias deprimentes

Contam-me histórias, fábulas de La Fontaine

Cantam-me hinos de alegria

E baladas de encantar.

Olho o teto branco,

Hoje é o meu céu,

No meio das nuvens brancas 

Mora o sol

Em forma de bolinhas de cristal

A que eu chmava de candeeiro.

À minha volta, um jardim florido

Tão lindo como um quadro de Monet

Alguns rostos a quem vou acenando,

Outrora respondiam e aconselhavam,

Hoje escutam inertes no seu lugar

Demorei o meu olhar na porta que não posso abrir

Espreito pelo buraco que serve de chave

E descubro  que a minha liberdade

Mora ali ao meu lado

No meu quarto, tão meu!


Naria Radatos

in Quarentena

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