Embora a noite
Pareça esperar
O Natal que não vai chegar.
Em cada casa
Pela janela, a luz deixa adivinhar
Que a vida, por ali,
Teima em continuar.
Os presépios ficaram em caixas
Resguardados, adormecidos;
As vozes dos coros emudeceram
No silêncio do medo.
A vida não amanhece com sorrisos
A neve não chegou a cair
Além do dia pálido em frémito
Nas ruas, vivem segredos sem voz
Ideias entabuladas sem sono
Orações repetidas sem conto.
O Natal ficou em casa
No refúgio das palavras,
Na cozinha, na sala, no quarto,
Natal foi apenas um dia,
Um dia de esperança,
Um dia de espera,
Um dia a mais ou a menos,
Um dia.
Naria Radatos
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