Deixo minhas memórias acordar.
Com elas volto à minha infância
E vejo-te numa azáfama sem fim,
O tempo corria e tu também
O tempo sorria e tu também.
Com uma elegância feminina e rara
Transformavas a vida num oásis.
Volto à minha adolescência
E vejo-te naquela mesma azáfama
O tempo corria e tu também
O tempo sorria e tu também
E com a mesma elegância tão tua
Agora mais firme e distinta
Fazias da vida um jardim.
Volto ao tempo da jovem mulher
E vejo teu pensar sempre ocupado
O tempo sempre a correr e tu também
O tempo sempre a sorrir e tu também
E com a mesma elegância, então volúvel,
Desenhavas um mundo revestido de sonhos.
Volto ao meu tempo de mulher já mãe
E vejo o teu pensar ocupado mas agora distante
O tempo sempre a correr e o teu pensamento também
O tempo sempre a sorrir e tu a tentares sorrir também
E com a elegância escondida na doença
Espalhavas silêncios de dor abafada.
Volto oito anos atrás
E imagino-te naquela azáfama
O tempo sempre a correr e tu a soprares
O tempo sempre a sorrir e tu também
E com a tua elegância, agora, celestial
Vais olhando à distância pelos teus aqui na terra.
Ontem, hoje e amanhã
Continuarás a ser o meu exemplo
Continuarás a viver em mim,
Correrei ao lado do tempo
E com ele tentarei sorrir
Como tu sempre fizeste, minha mãe.
Parabéns pelos teus 95 anos.
Que os anjos façam um festim e que possas dançar a Valsa da Esperança com o teu grande amor.
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